Há poucos dias tive a oportunidade de participar de eventos do Capitalismo Consciente, com o indiano Raj Sisodia e o brasileiro Thomas Eckschmidt, em São Paulo. Na ocasião, ocorreu o lançamento do livro Capitalismo Consciente: guia prático – ferramentas para transformar sua organização. A autoria é do Thomas, com Raj e Timothy Henry como coautores, que é cofundador de uma representação (chapter) do Capitalismo Consciente no Brasil.

O guia é um “como fazer” para inspirar e apontar caminhos para líderes empresariais que estão interessados em criar cultura que valorize a inovação e a consciência social. É um roteiro prático sobre como passar da intenção à ação para a construção de organizações de sucesso que tenham impacto positivo no mundo.

Nos eventos de lançamento do livro, foi exposta a necessidade de disseminar constantemente novos conceitos na gestão dos negócios e da própria sociedade. Sabe-se que a atual forma de se pensar os negócios e as organizações é insustentável em vários aspectos e, portanto, precisa ser substituída por uma nova abordagem, capaz de produzir valor com ética e justiça.

Para muitos, os termos consciente e capitalismo não tem a menor possibilidade de andarem juntos e isso parece não fazer o menor sentido.

A parte consciente do capitalismo refere-se à crescente conscientização das organizações e dos seus líderes sobre o potencial para fazer-se muito mais do que ganhar dinheiro.

O capitalismo é um modelo capaz de recompensar o esforço, a dedicação e a criatividade de indivíduos e organizações, permitindo que todos tenham a chance de realizar seu potencial. Contudo, a prática do modelo está carregada de paradigmas e falhas (também éticas), que comprometem as suas virtudes e os torna causa de injustiças. No decorrer da história, criou-se um distanciamento entre o dinamismo proposto pelo sistema e aquilo que a sociedade e os indíviduos esperam, que é ter decência.

Talvez essa dicotomia seja uma das causas de tanta confusão no entendimento do modelo econômico que vivemos (aquele debate que deveria ter ficado nos anos 1960, 1970 e 1980, ainda perdura na nossa sociedade no século XXI). Assim, faz-se necessário redesenhar o modelo para a retomada da essência baseada na livre iniciativa, oferta de oportunidade e criação de valor partilhado e sustentável.

Nesse caminho e redesenhando a atuação das organizações no modelo econômico capitalista, foi publicado o livro Capitalismo Consciente: libertando o espiríto heroico dos negócios, em 2014. Os autores são Raj Sisodia e John Mackey, também fundadores do movimento e do Conscious Capitalism Inc.

Raj, professor, consultor pesquisador, além de autor de inúmeros livros sobre negócios e liderança, defende há anos uma nova forma de se fazer negócios: mais “humanista”, menos “acionista” e mais consciente. Para ele, o capitalismo consciente tem progredido motivado pelas demandas e propósitos das novas gerações, que criticam os rumos que o planeta e as sociedades têm tomado, e atuam para mudar isso nas suas vidas e nos seus negócios.

Mackey é o CEO da Whole Foods Market, com sede central em Austin – EUA, líder mundial na venda de alimentos naturais e orgânicos, com lojas em diversos países, cujas prateleiras são reconhecidas por abrigar produtos de altíssima qualidade e relacionados a uma alimentação saudável, também conhecida por ter um modo diferente de lidar com seus funcionários.

A proposta central do livro e do próprio movimento Capitalismo Consciente, que já tem seu braço no Brasil (www.ccbrasil.cc), é de apresentar uma forma diferente de se operar o modelo capitalista, na qual o lucro não seja a única ou principal razão de ser das organizações. Aborda-se que o lucro é uma das muitas medidas importantes para o funcionamento de um negócio e necessária para permitir que uma empresa atinja o seu propósito, mas também deve visar gerar múltiplos valores à sociedade.

Segundo os autores, uma empresa consciente deve possuir propósitos mais elevados e buscar a geração de valor, de maneira equilibrada e sustentável, para todas os stakeholders (e não somente ao acionista). A criação de valor é para todas as partes do sistema interdependente – clientes, funcionários, fornecedores, meio-ambiente,…

Assim, esses conceitos formam os quatro pilares do Capitalismos Consciente, que são: propósito evolutivo além do lucro; criação de valor para todos os stakeholders com a integração dos seus interesses; liderança servidora; cultura responsável. Esses princípios atuam conjuntamente e reforçam-se mutuamente na construção de organizações conscientes.

Na parte 2, detalharemos cada um deses pilares e seus impactos nas organizações. Clique aqui para ler!

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